STREET FIGHTER: A LENDA DE CHUN-LI


Parece exagero, mas até nos jogos de luta as mulheres demoraram para alcançar o seu espaço. Chun-Li, que apareceu pela primeira vez em “Street Fighter II: The World Warrior” (da Capcom), foi oficializada em 1991 como a primeira personagem feminina a surgir como opção para o jogador selecionar com a intenção de combater outros lutadores no universo dos games. E é ela a protagonista de “Street Fighter: A Lenda de Chun-Li”, o segundo filme baseado no jogo. Por mais traumatizante que seja a lembrança foi Jean-Claude Van Damme quem esteve a frente da primeira adaptação, “Street Fighter - A Última Batalha”, de 1994. Nele também aparecia a atriz Ming-Na como Chun-Li, mas não passava de uma coadjuvante para o mico pago por Van Damme e Raul Julia. O filme de Andrzej Bartkowiak é bem melhor do que a aberração de Steven E. de Souza. Ainda assim, é muito, muito ruim.

Vale lembrar que Bartkowiak, antes de dirigir ruindades como “Street Fighter: A Lenda de Chun-Li”, “Doom - A Porta do Inferno” (outra adaptação de um famoso game) e “Contra o Tempo”, teve um ótimo curriculum como diretor de fotografia. Neste departamento ele carrega assinaturas em obras como “Laços de Ternura”, “A Honra do Poderoso Prizzi”, “Velocidade Máxima” e alguns longas de Sidney Lumet (”Os Donos do Poder”, “Negócios de Família”, “Uma Estranha Entre Nós”). Ao julgar pela carreira como fotógrafo o agora cineasta polonês prova que não aprendeu nada no ofício anterior. A trama é fácil para quem já “fechou” o game. Ainda na infância Chun-Li tinha uma grande afinidade com o seu pai Xiang (Edmund Chen), com quem aprendeu artes marciais e a tocar piano. De uma hora para outra ele é levado por Bison (Neal McDonough) e Chun-Li, mais velha nas formas de Kristin Kreuk (a Lana de “Smallville”), vai atrás dele enquanto tenta decifrar um pergaminho provavelmente vindo de Gen (Robin Shou).

Mesmo que seja estranho converter um jogo de torneios em um filme de uma hora e meia, “Street Fighter” tem conclusões tão interessantes vindo de cada um dos seus lutadores que é possível encarar com certo entusiasmo uma adaptação cinematográfica que consiga corresponder com aquilo que o público ou os fãs da criação da Capcom esperam. O que se vê aqui é um filme de ação que até consegue repetir alguns malabarismos das sequências realizadas através dos comandos em um console e que explora bem as locações de Bangkok. Só são dois pontos regulares que desaparecem em questão de segundos tamanho o desperdício de personagens como Vega (Taboo, integrante do “Black Eyed Peas“), o destaque concebido para intérpretes terríveis como Chris Klein (como Charlie Nash), lutas repleta de cortes e diálogos pavorosos como “Sabe, o seu pai tem sido o leite do meu negócio. Mas, mesmo o leite tem uma data de validade”. Sem dizer também a falta de fidelidade em questão da caracterização dos atores com os papéis criados com base no jogo. O desfecho solta uma fagulha para uma sequência. No entanto, alguém acredita que ela vai acontecer?

Título Original: Street Fighter: The Legend of Chun-Li
Ano de Produção: 2009
Direção: Andrzej Bartkowiak
Elenco: Kristin Kreuk, Neal McDonough, Chris Klein, Moon Bloodgood,
Robin Shou, Josie Ho, Michael Clarke Duncan, Edmund Chen, Elizaveta Kiryukhina e Taboo.
Nota: 1.0

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